Regulamentação para edifícios públicos com consumo quase nulo

A eficiência energética tem vindo a ser uma das grandes preocupações no setor da construção, com um foco crescente em edifícios que não só atendem aos requisitos de desempenho energético, mas que também minimizam significativamente o consumo de energia. Uma das metas mais ambiciosas dentro deste contexto é a de edificações públicas com consumo quase nulo, que estão a tornar-se uma realidade cada vez mais presente nas políticas de construção e reabilitação em Portugal.

 

Regulamentação e Metas para Edificações de Consumo Quase Nulo

Em consonância com as exigências da União Europeia, Portugal tem vindo a adaptar a sua legislação para alcançar um consumo energético muito reduzido nos edifícios, com particular enfoque nas edificações públicas. A Diretiva Europeia 2010/31/UE estabelece que, desde 2020, todos os novos edifícios devem ser de consumo energético quase nulo. Esta transposição para a legislação nacional levou à implementação de regulamentos e normas, como o Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios (RDE), que se aplica tanto a novos edifícios como a projetos de reabilitação.

 

 

O Conceito Passivhaus em Portugal

Entre as abordagens mais eficazes para alcançar o objetivo de consumo quase nulo, o conceito Passivhaus tem ganhado cada vez mais relevância em Portugal. A Passivhaus é um padrão internacional de construção que visa criar edifícios com um consumo energético extremamente baixo, baseando-se em princípios como:

  • Isolamento Térmico Avançado: Garantir uma envolvente térmica de elevada qualidade, minimizando as perdas de calor e melhorando a eficiência energética.

  • Ventilação Controlada com Recuperação de Calor: A instalação de sistemas de ventilação eficientes, que permitem renovar o ar de forma contínua e eficaz, sem perdas energéticas significativas.

  • Janelas de Alta Performance: Utilização de vidros de elevado desempenho térmico e de janelas que garantem a máxima eficiência energética, evitando a entrada de calor no verão e a perda de calor no inverno.

  • Ausência de Pontos Térmicos: Minimização de pontes térmicas, que são áreas do edifício por onde ocorre a fuga de calor ou a entrada de frio.

O Passivhaus foca-se em criar edifícios com uma procura mínima de energia para aquecimento ou arrefecimento, tornando-os altamente eficientes e confortáveis, ao mesmo tempo que mantêm os custos operacionais reduzidos.

 

Benefícios das Edificações de Consumo Quase Nulo

  • Redução de Emissões de CO2: A implementação de soluções de construção com baixo consumo energético contribui diretamente para a redução das emissões de gases com efeito de estufa, ajudando Portugal a cumprir os objetivos de descarbonização definidos para 2030 e 2050.

  • Eficiência Energética e Redução de Custos: A longo prazo, a eficiência energética resulta numa significativa redução dos custos de operação dos edifícios, com uma diminuição dos gastos com aquecimento, arrefecimento e eletricidade.

  • Conforto e Qualidade de Vida: Edifícios com boas condições de isolamento e ventilação garantem ambientes internos mais agradáveis e saudáveis, com uma qualidade de ar superior e uma temperatura estável durante todo o ano.

 

A Implementação do Passivhaus nas Edificações Públicas

Em Portugal, as administrações públicas têm vindo a apostar em edificações Passivhaus, com projetos de novas construções e reabilitação de edifícios existentes. Esta abordagem, além de ser uma excelente solução para reduzir o consumo energético dos edifícios públicos, também garante um elevado nível de conforto para os utilizadores, ao mesmo tempo que se alinha com as metas ambientais do país.

Entre os exemplos de sucesso, destaca-se a crescente inclusão de soluções Passivhaus em projetos de escolas, hospitais e outros edifícios públicos. Estes projetos não só cumprem os requisitos de eficiência energética, mas também servem de modelo para futuras construções sustentáveis.

 

Desafios e Oportunidades

Apesar dos benefícios evidentes, a implementação de edificações públicas de consumo quase nulo e Passivhaus apresenta desafios, especialmente no que diz respeito ao custo inicial de construção e adaptação das técnicas. No entanto, com o tempo, os custos operacionais muito baixos e os incentivos governamentais para projetos sustentáveis tornam estas soluções mais acessíveis e atraentes.

Em termos de normativa, é necessário continuar a acompanhar a evolução das diretrizes europeias, ajustando-as às especificidades do mercado português. Além disso, é fundamental promover a formação e capacitação de profissionais da construção, de modo a garantir a execução correta e eficaz destes projetos.

 

Conclusão

As edificações públicas com consumo quase nulo, e em particular o conceito Passivhaus, são passos essenciais para a construção sustentável e eficiente no contexto português. A adoção generalizada de soluções de eficiência energética pode não só reduzir a pegada ecológica dos edifícios, mas também contribuir significativamente para o conforto dos utilizadores e para a criação de um ambiente mais saudável. Com os incentivos e o apoio adequado, Portugal está no caminho certo para cumprir os seus objetivos de descarbonização e eficiência energética, criando uma base sólida para as futuras gerações.